Com toda a sua diversidade, feita de distintas sub-regiões e castas de uva, varietais e "blends”, fermentados em inox ou barrica, jovens ou com idade, não espanta que os Vinhos Verdes, brancos, rosados ou tintos, tranquilos ou espumantes, sejam de enorme polivalência à mesa, capazes de acompanhar na perfeição um grande número de pratos de diferentes origens e culturas gastronómicas
Aqui ficam alguns exemplos de harmonias seguras, a partir de pratos clássicos de cozinhas do mundo. Nestes como noutros assuntos, o melhor mesmo é…experimentar. Com a certeza de que existe sempre um Vinho Verde adequado a cada prato ou ocasião.
O bacalhau, pelo seu sabor salgado e intenso, harmoniza bem com um branco encorpado e com alguma idade, onde a fruta se associa a notas mais complexas de fumo e especiarias. Verdes das castas Alvarinho ou Avesso farão boa companhia.
O tipo de gordura associado a estes peixes pede um vinho de grande intensidade citrina, com muitas notas de lima e limão, como um Loureiro jovem e bem estruturado. Um Espumante rosé de Espadeiro, bem seco, é também opção segura.
São pratos muito especiais, de aroma e sabor intenso, no caso da lampreia, com o adicional do vinagre, no caso da sardinha, com a gordura e fumado do carvão. Para ambos, a região dos Vinhos Verdes tem uma escolha óbvia: um tinto clássico da casta Vinhão, com tanino, corpo e acidez.
Os molhos do acompanhamento são determinantes na escolha, mas se os cogumelos ou o tomate (sempre difícil nas harmonias) forem dominantes, nada como um Verde tinto leve, delicado e frutado, da casta Alvarelhão.
Rica e diversa, tanto quanto o país de origem, a cozinha chinesa assenta, muitas vezes, em especiarias mais ou menos picantes e sabores agridoces. Um Azal jovem, com aromas e sabores de maçã verde e intensa frescura, vai combinar muito bem.
Complexa e com bastantes especiarias, a cozinha indiana é especialmente exigente no que a vinhos respeita. Para os pratos vegetarianos, um Azal de estilo mais tropical, com notas de manga e maracujá e acidez elevada, irá funcionar em pleno. Para os pratos de carne, nomeadamente cordeiro com especiarias, um tinto Vinhão, de perfil mais moderno e polido será boa opção.
Num churrasco misturam-se carnes muito diversas, em intensidade de sabor e gordura, por vezes acompanhadas de molho picante e/ou doce. O melhor mesmo é escolher um "vai com tudo”: e nenhum vinho cumpre tão bem esse papel quanto um Espumante branco de Vinho Verde, jovem e bem seco, Brut Nature se possível.
A carne branca da galinha, assada, estufada, grelhada, mais simples ou mais condimentada (caril incluído), é grande parceira de um branco rico e profundo, com três ou quatro anos de idade. Um Alvarinho fermentado em barrica será excelente escolha.
A carne vermelha, não sendo muito gorda, pede um vinho com fruta silvestre, boa estrutura ácida e taninos suaves. Os Verdes tintos mais elegantes, onde a casta Alvarelhão muitas vezes predomina, são ótima conjugação, melhor ainda se o acompanhamento incluir cogumelos.
O tinto clássico de Vinhão, muito intenso e taninoso, deverá ficar reservado para outros pratos. Para a carne de cordeiro ou cabrito, vai melhor o Vinhão "moderno”, com taninos maduros e redondos, mantendo embora toda a frescura. Em alternativa, um Verde Espumante branco e bem seco, resulta muito bem.
O ácido oleico da bolota está na base da gordura do presunto ibérico. A melhor forma de harmonizar com este tipo de gordura é com fruta, suavidade e acidez equilibrada. Tudo aquilo que o Alvarinho jovem e vibrante tem para oferecer.
Ao contrário do que alguns pensam, o vinho mais adequado a queijos em geral, é branco e não tinto. E aqui, a estrutura gorda e cremosa de um Verde da casta Avesso, perfumado, complexo e profundo, pode fazer maravilhas.
É clássica a associação do foie gras com vinhos brancos doces naturais, especialmente se produzidos a partir de uvas afetadas pelo fungo botrytis cinerea. Na região dos Vinhos Verdes encontramos vários Colheita Tardia que cumprem este requisito.
O espumante de Vinho Verde com mais estágio em cave (Super Reserva ou Grande Reserva), ganha com o tempo aromas e sabores de avelãs e amêndoa, harmonizando muito bem com estas sobremesas.
Os Colheita Tardia (Late Harvest), elaborados, sobretudo, a partir de Alvarinho ou Loureiro, com a sua associação de doçura e acidez, espelham o perfil destes doces, combinando na perfeição.